#tá eu esqueci que o Chenle não mora com os dreamies

[klimtjardin]

[11:07am + Renjun // Chenle + Fluffy // Slice of Life]

Renjun deixou o smartphone pendurado sobre o microondas. A cena te agonia de um tanto que te faz correr para posicioná-lo corretamente sobre o eletrodoméstico.

De costas, lavando a louça da pia, ele ergue os cantinhos dos lábios, o que torna seu rosto ainda mais redondo, e sorri.

Acontece que quando você toca no aparelho, sem querer, sua mão encosta na tela e direciona para uma música aleatória da playlist.

O ventinho da manhã varre as cortinas rendadas. Há uma luz amarelo esverdeada escapando da janelinha da cozinha, como dedos tocando o vidro e ensaiando sombras nas paredes, formando um bonito vitral. Renjun quis preparar um chá gelado enquanto você cozinha, porque, pasme, o verão na Coréia do Sul consegue ser tão sufocante quanto nos trópicos. Não é um prato muito complexo ou digno de um restaurante cinco estrelas; apenas uma omelete. Seu único trabalho é não deixá-la tão encharcada de óleo ou talvez dobrá-la corretamente quando for a hora de virar na frigideira. Tinha tomates e bok choy na geladeira, e estes farão a combinação mais apetitosa que já pôde imaginar. É claro que Renjun banhará o pedaço que comer em shoyu, portanto, nem precisa se preocupar com isso.

Agora começa a prestar atenção na música que começou a tocar quando acidentalmente esbarrou na tela do celular dele:

“I’ve got the sunshine

On a cloud day

When it’s cold outside

I’ve got a month of may”

— The Temptations! — exclama — aprendi a cantar essa música numa aula de inglês na sexta série e nunca mais esqueci — Diz, esfregando a espátula na frigideira para desgrudar os restinhos do ovo.

Renjun estende a mão para você.

— O quê? — questiona confusa.

— É uma ótima música para dançar a dois.

Você ri com a garganta, daquela forma que faz seu torso se projetar para frente. Renjun te pega pela mão e traz mais para o centro da cozinha. O linóleo meio engordurado então vira palco. É desengonçado porque nem ele e nem você sabem dançar em dupla e a probabilidade de um de vocês escorregar é maior do que de acertarem um passo. Isso faz com que cantarolem rindo, e inventem algo que seja dançável por ambos naquela condição. Enquanto movem os braços, divertindo-se, quase que em uma mímica perfeita de Renato Russo (e ao lembrar disso, é claro que você ri ainda mais), você tem a vontade de criar um dicionário. Um dicionário que conste seus próprios significados inventados, porque, certamente, a cena seria descrita ao lado da palavra lar.

“I guess, you say...

What can make me feel this way?”

É óbvio que uma risada estridente interrompe o momento dos dois e os faz igualmente se assustar e cair na gargalhada em conjunto.

— Já deixei de tentar entender o que acontece nesse dormitório... — afirma um Chenle não tão surpreso, mas ao mesmo tempo curioso.

Renjun pega mais um copo e vocês três vão comer.